TECNOLOGIA E CONECTIVIDADE QUEBRARÃO MUITOS LIMITES DO ESPAÇO FÍSICO, PERMITINDO ENSINAR EM QUALQUER LUGAR. MAS, O FOCO DEVE SER SEMPRE EDUCAR INDIVIDUALMENTE.
Por Daphne Stanford – ASCD – EUA & EXPO
Nas salas de aula do futuro, os professores não ficarão limitados pelo espaço físico ou localização. Em vez disso, eles terão a capacidade de ensinar em qualquer lugar, por meio de tecnologia de acesso remoto e de opções de compartilhamento de tela on-line. A cada ano que passa, a tecnologia e a conectividade vão continuar alterando o cenário educacional.
Por exemplo, os alunos de medicina não precisarão estar presentes em uma de sala de aula tradicional, mas o treinamento prático ficará disponível por meio de simulação de cenários, nos quais oferecerão a oportunidade de visualizar os órgãos e anatomia dos pacientes em um ambiente virtual e digital, livre de riscos que estão geralmente presentes quando se trabalha com corpos físicos.
Do mesmo modo que os simuladores de voo são utilizados hoje em dia para treinar pilotos na indústria de aviação, os programas de simulação serão úteis principalmente no campo da enfermagem: a simulação permitirá que os enfermeiros aperfeiçoem técnicas médicas e cirúrgicas sem colocar em risco a segurança dos pacientes. Além disso, de acordo com a National League for Nursing (NLN), a simulação também é especialmente eficaz como método de ensino, porque os alunos têm a oportunidade de desenvolver habilidades por meio de um contexto muito fiel a realidade. Dentre as várias estratégias utilizadas para o aprendizado de simulação estão as plataformas virtuais, como programas de computador, programas de formação prática, manequins computadorizados (também conhecido como simulação de alta fidelidade) e encenações.
Internet das coisas
Além dessa conveniência virtual em educação, o campo da medicina continuará a evoluir e desenvolver novas tecnologias de ponta, como a telemedicina, rápida interoperabilidade (a troca de informação entre sistemas computacionais) e a “Internet das Coisas” na área de saúde. Isso significa que parte do currículo dos alunos de medicina agora deverá incluir lições sobre os benefícios da telemedicina, como ler o Registro Eletrônico da Saúde (RES), e informações sobre os aplicativos móveis mais comuns para configurar o acesso remoto de dispositivos médicos como os monitores de coração e glicose. O monitoramento remoto dos sinais vitais do paciente e as interpretações comuns do fluxo de dados se tornarão padrão nos currículos das escolas médicas e de enfermagem.
A importância desta tecnologia para as técnicas futuras de ensino mostra que devemos continuar a trabalhar juntos para resolver problemas de conectividade em áreas rurais com o objetivo de transpor a atual desigualdade digital. Se o futuro da educação for on-line, não deverá haver lacunas no acesso a recursos de aprendizado on-line.
Aulas mais dinâmicas
A tecnologia de aprendizagem adaptativa é outra ferramenta que os educadores estão usando para transformar os métodos tradicionais de ensino em planos de aula especializados, tornando o aprendizado e as avaliações mais divertidas. Alguns dos softwares de matemática mais recentes, por exemplo, medem o conhecimento do aluno sobre a disciplina e fornecem planos de aula especializados para atender às necessidades individuais. Já os programas de teste on-line exibem dados que apontam o que os alunos mais precisam de ajuda em uma determinada aula, gerando uma espécie de tutoria individual automática, o que facilita a atuação do professor.
Adequação individual
Além das abordagens de aprendizagem adaptativa, outros métodos de ensino mais recentes, como a aprendizagem baseada em projetos e a avaliação formativa, refletem os cenários do mundo real e se adaptam às habilidades individuais dos alunos, ao invés de oferecer uma abordagem do tipo “tamanho único”. Além disso, a aprendizagem baseada no lugar e a educação prática impulsionam o engajamento dos alunos e fornecem saídas criativas para conectar diversos assuntos, permitindo que os alunos criem algo único e diferente, ao invés de ensinar somente para passarem nas avaliações, o que normalmente incentiva a memorização mecânica.
Por fim, as tendências educacionais emergentes, como a gamificação e a aprendizagem colaborativa, incentivam os alunos a terem uma perspectiva mais ampla e faz com que se divirtam também. Uma lição de alfabetização digital, por exemplo, pode encorajar os alunos a discutirem uma peça de literatura por meio de um feed no Twitter e vincularem seus argumentos a fontes externas para fornecer embasamento. Assim, os alunos poderão debater sobre a legitimidade de um determinado site que é citado como suporte, o que proporcionaria a oportunidade de um ensino perfeito para entender a diferença entre fontes confiáveis e duvidosas de informação – com certeza uma habilidade fundamental a ser dominada na era digital.
Perda do objetivo educacional
Para que toda essa conversa sobre tecnologia de ensino futurista não nos permita perder de vista o objetivo final, a educação, é importante lembrar que, em última análise, ainda estamos no negócio de ensinar alunos de forma individual. A educação é um empreendimento complexo, e o aprendizado focando na autonomia dos alunos ainda é o objetivo ideal, apesar de quaisquer desenvolvimentos tecnológicos que possam nos distrair de nossas raízes como seres humanos.
Com qualquer esforço humano, vem a inevitável possibilidade de falhar. Vamos nos lembrar desse fato à medida que avançamos em um futuro incerto. Não importa quão avançada tecnologicamente nossas ferramentas se tornem, ainda estamos lidando com a falibilidade e a natureza única dos indivíduos. Portanto, devemos nos esforçar para usar métodos de ensino que honrem essa singularidade, ao invés de dependermos somente de uma tecnologia que colocam todos na mesma categoria.
Uma pedagogia única refletirá mais precisamente a complexidade dos problemas que possamos enfrentar em nossa vidas. Só essa realidade provavelmente nos preparará para a vida além da sala de aula.
A ASCD tradicional e consagrada entidade educacional internacional com sede nos EUA fundada em 1943. Dedicada à excelência na aprendizagem, ensino e liderança, para que cada criança seja saudável, segura, engajada, apoiada e desafiada. Possui 114.000 membros – mantenedores, diretores, professores e defensores de mais de 127 países. Conta também com 57 organizações afiliadas pelo mundo. Uma associação embasada na diversidade, no apartidarismo, projetando uma voz poderosa e unificada visando os formadores, líderes e decisores do mundo.
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